28 de julho de 2010

Life's a beach

As minhas trombas não têm assim uma explicação muito plausível como aliás é meu apanágio. Talvez se explique pela idade real que carrego nos ombros mas a coisa deve ser outra e alvo de uma intensa psicanálise que ainda não estou para isso sob pena de nunca resolver esta peçonha.
Tenho a vida toda enfronhada em esquemas de sobrevivência, fazendo um trabalho só aparentemente interessante, frequentemente frustrado com tudo o que realmente gosto de fazer, quase que impedido de desenvolvimento, atrofiado, doentio. Pelo outro lado tento e tento mas nada de jeito sai, que seja visivel, compensador, evolutivo. Tenho de estar sempre a engolir paciência e mastigar rancor e depois não dormir, ter dores de rins, mijar mal, estar extenuado e de trombas... Mas alegra-te caroço vem ai umas retemperadoras férias de 8 dias.

Ontem houve festa em Ferragudo e eu mal disposto, sem câmara, sem aditivos, sem alma, não curti nada de jeito, pior para mim. Mas a animação lá estava, bem diferente do normal, com as lojas generosamente a oferecer coisas, engalanou-se a rua, música, arte nas paredes escalavradas, proporcionada pelo novo artista belga que agora é representado na Déjà Vu (peculiar a forma como marca as suas melhores obras, com lacre e um pêlo da sua longa barba). A comadre do evento a Sunnybay tinha o concurso da muuuito chique Rei das Praias no djaing e na comida e bebida (infelizmente têm a mania da superioridade o que não lhes fica bem). A malta lá se agitou entre um lado e outro da rua e deu a Ferragudo um toque de animação distinta, saudável e de convivio e desta forma sacudir o marasmo habitual. Ao mesmo tempo havia um grande passeio a pé à noite mas não houve mistura. Depois lá ao fundo da 25 de Abril actuou a banda Black Puzzle com o seu reportório ao sabor dos anos 80 e que deram o máximo interagindo com a divertida audiência multinacional e multigeracional. Do outro lado um estrangeiro munido do seu fogareiro continuava a grelhar costeletas e salsichas bratwurst como se não houvesse amanhã. Os miúdos e eu próprio com a minha inexacta melancolia começamos a esmorecer. Ainda vi os braços ao fundo a agitarem-se ao som da música e gente de Ferragudo a comentar a não participação dos que se puseram de fora. É a vida diz-se.
Toda a manhã procurei por fotografias avulsas do evento mas népia. E quem se importa? Eu!

18 de julho de 2010

O que é feio não é bonito

Contra a inércia viva a perícia
Contra a preguiça viva a mestiçagem
Contra o esboroante presente viva a mensagem
Contra a mudez viva a eloquência
Contra a secura viva a bravura

Mudar para melhor mesmo que seja por um dia

11 de julho de 2010

Infinito particularmente mal-amanhado


O que é grave

é nós sabermos
que depois da ordem
deste mundo
uma outra existe.

Que outra?

Não o sabemos.

O número e a ordem das suposições possíveis
é neste campo
justamente
o infinito!

E o infinito o que é?

Não sabemos exactamente o que seja.

http://delicadamentemaleducado.blogspot.com/2009/07/antonin-artaud-para-acabar-de-vez-com-o.html